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segunda-feira, 20 de abril de 2009

AS GARRAS DA MORTE


AS GARRAS DA MORTE

Um grito ecoa no vazio quando a lâmina fere o adversário. Seus olhos sobressaltam de dor. A turba se entusiasma ao ver o sangue jorrar. A sombra da morte se aproxima... Um corpo está à mercê.
Como um cão raivoso a turba ergue os braços em triunfo... É o pão e circo.
Pisoteando sobre o oponente, o gladiador ergue sua espada. Seus olhos se deparam com os de Calígula, o imperador, que, num gesto onipotente, ergue o polegar... O silêncio é total; até que...
Num gesto súbito, a espada é cravada no peito do adversário, arrancando-lhe os últimos resquícios de vida.
O gladiador diante o fim do combate suspira aliviado. Flores lhe são lançadas... É a glória!
Hoje ele será tratado como um semideus: terá todas as mulheres que desejar; vinhos, jogos... A noite chegará sorrateiramente, deixando-lhe o fantasma do dia seguinte.
O amanhã nasceu em apostas disputadas. Hoje o gladiador irá enfrentar seu pior inimigo: “As garras da morte”. A tensão é grande.
O imperador ainda não havia chegado. O povo rogava-lhe a presença. Eis que, de repente, trajando um manto dourado, ele surge: “Ave César, filho de Júpiter!”, eles clamam. Ao seu lado, a imperatriz Messalina.
As trombetas tocam dando início ao espetáculo.
O grande portão se abre, uma silhueta se forma à medida que a luz do sol a toma: é o gladiador!
Aplausos e mais aplausos ensurdecem as batidas do seu coração cuja coragem estava coberta pelo manto do medo. Novamente seus olhos se deparam com os do imperador.
Erguendo sua espada ele saúda:
- Ave, César! Os que morrerão por ti os saúdam!”
Ouve-se um rugido que silencia o tumulto do circo. Todos os olhares se voltam para um pequeno portão de ferro que, lentamente, vai sendo erguido. O gladiador se posiciona para o que poderá ser sua última luta.
“As garras da morte” finalmente surgem na figura do mais temido de todos os felinos: o leopardo.
Faminto e rugindo ele espreita sua vítima... Terá chance o gladiador?
A turba grita...
O gladiador aponta sua faca; protegendo-se com o escudo.
O leopardo avança... salta sobre a sua vítima!
Gritos de euforia se misturam com o de horror.
A luta é horrível. As garras do leopardo rasgam o peito do gladiador, que em vão tenta se arrastar. A fera dá mais um salto e desta vez fulminante. Suas mandíbulas cravam-lhe o pescoço matando-o em seguida.
Extasiada a turba grita diante do maravilhoso espetáculo proporcionado. Todos voltam para casa satisfeitos.
Mais um dia de pão foi distribuído. Amanhã o circo voltará a estar cheio novamente. Homens lutarão até a morte pela liberdade e feras instintivamente pela sobrevivência...


*Agamenon Troyan é escritor e poeta brasileiro

http://www.fanzineepisodiocultural.blogspot.com/

sábado, 11 de abril de 2009

O QUE TERÁ ACONTECIDO À MARISOL?



O QUE TERÁ ACONTECIDO À MARISOL?

*Aprígio Netto

No início dos anos 60 o Brasil importava filmes de vários países não se restringindo apenas ao monopólio imposto pelo cinema norte-americano como ocorre hoje em dia; isso porque havia mercado garantido para eles. O público consumidor de cinema era constituído por fãs que tinham o gosto diversificado e com isso, só tinham a ganhar em termos de assimilar a cultura e conhecer os artistas de outros países. Foi naquela efervescente época que surgiu nos cinemas brasileiros entre vários ídolos do público brasileiro, a figura irradiante de uma menina de doze anos, loura, olhos azuis, vivaz, atriz e cantora. Seu nome: MARISOL.
Descoberta em 1959 por Manoel J. Goyannes enquanto atuava no show, Coro y danzas de Málaga, sua estréia no cinema aconteceu no filme “Um raio de Luz” que tinha no elenco o popularíssimo galã brasileiro Anselmo Duarte. Foi um estrondoso sucesso.Em seguida vieram outros filmes da infanta: Há llegado un angel, Tômbola, Marisol no Rio e Cabriola. De repente, seus filmes não mais aportaram por aqui e o público se esqueceu da atriz-cantora prodígio.
Na fase adulta, e com o novo nome de Pepa Flores, Marisol interpretou vários filmes que permaneceram inéditos aqui. Casou-se com o seu descobridor, Manoel J. Goyannes e ficaram juntos de 1969 a 1972. Foi casada em segundas núpcias de 1982 a 1986 com o bailarino e coreógrafo Antonio Gades e dessa união, nasceram três filhas: Maria Esteve, que se tornou atriz Tâmara e Célia. Com Gades fez pequenas pontas nos filmes: Bodas de Sangue e Carmen.
Em 2004, residindo em Málaga, sua cidade natal, ela abandonou a vida artística e se tornou ativista social e humanitária.Recentemente, a ex-atriz-cantora prodígio foi homenageada e declarou à imprensa não gostar de sua carreira artística na fase infanto-juvenil. Pepa Flores, recebeu o prêmio Viernes outorgado pela Associação Málaga Século XXI, lembrada como Malaguenha do Novo Século.
Marisol que simbolizou toda uma época com seus papeis no cinema de menina adorável e encantadora e que na fase adulta renega essa mesma personagem por militar em questões políticas de esquerda, concordou em receber esta homenagem de seus conterrâneos. O evento que reuniu mais de 600 pessoas no Auditório Príncipe de Astúrias de Torremolinos.
Trajando um modelo austero em couro negro, Pepa Flores explicou que não tem intenção de retornar ao mundo dos espetáculos e que aceitou a homenagem a ela prestada em reconhecimento pelo que o mesmo significou.
A ex-Marisol foi capaz de reunir nesta homenagem com convidados provenientes de todos os segmentos sociais que demonstraram que a artista malaguenha continua sendo uma mulher muito popular e querida em sua terra. O prefeito de Torremolinos, Pedro Fernández Montes, presidiu a cerimônia que contava na platéia com as celebridades: a cantora Aurora Guirado; a atriz Maria Esteve, filha de Pepa Flores, o pintor Antonio Montiel e a atriz Encarnita Polo.