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terça-feira, 23 de março de 2010

MORENA DO MAR (Thaís Matarazzo)

As morenas do mar já foram cantadas por tantos poetas e compositores, as morenas brasileiras, as morenas lusitanas...

O povo português é muito sentimental. Em 1938, o cantor Francisco Alves musicou esses versos de Luiz Iglésias: Dizem todos que a saudade / nasceu lá em Portugal / Eis por que tal gente há de / sofrer sempre desse mal / Mas eu creio com firmeza nessa / expressão verdadeira: / Se a saudade é portuguesa / a esperança é brasileira...

Diz-se que a saudade foi alcunhada pelos portugueses nos tempos das grandes navegações; o vocábulo descreve a mistura dos sentimentos de perda, distância e amor.

Saudade é uma das palavras mais presentes na poesia de amor da língua portuguesa e também na música popular. A saudade é extensa, extenso também é o mar... Aqui no Brasil tivemos um grande compositor baiano que soube muito bem cantar o mar e as saudades... Dorival Caymmi.
Sua música tem o verdadeiro tempero brasileiro, é difícil encontrar palavras para expressar o encanto de sua obra, que tem como principal característica às belezas e tradições culturais da Bahia e, especialmente, o mar, o compositor trouxe misteriosas histórias de pescador para a nossa música, e também, uma das mais belas e originais influências africanas na cultura brasileira.


Em Morena do Mar, interpretada por Nara Leão, é possível ouvir todo o lirismo e nostalgia de Caymmi: Ô morena do mar / Oi eu, ô morena do mar / Ô morena do mar / Sou eu que acabei de chegar / Ô morena do mar / Eu disse que ia voltar / Ah, eu disse que ia chegar, cheguei / Para te agradar / Eu trouxe os peixinhos do mar, morena / Para te enfeitar eu trouxe as conchinhas do mar / As estrelas do céu, morena / As estrelas do mar / As pratas e o ouros de Iemanjá...

Do Brasil vamos retornar a Portugal, onde tantos poetas e compositores também cantaram o mar, o amor e a saudade, quantos...

a terra lusa nos enviou um mimo: uma voz quente, admirável, que emite notas musicais langorosas que flutuam à deriva do mar, da saudade, da canção... às vezes essa voz é serena e azul, em outras ocasiões bravia e misteriosa... é a voz da fadista Adélia Pedrosa, nascida na praia de Pedrogão, em Leiria, Portugal. É filha, neta e bisneta de pescadores.
Mas, assim como Dorival Caymmi, Adélia traz na voz e na arte qualquer coisa que caracteriza os sons do mar, a nostalgia d’além mar, da sua ditosa pátria, que deixou aos doze anos, quando veio para o Brasil em companhia de seus avós adotivos.

Sua primeira platéia foi uma colônia de pescadores do Caju, no Rio de Janeiro. Sua especialidade são o fado e a canção portuguesa. Não demorou muito para que seu talento chegasse ao Rádio, sua estréia se deu no Programa dos Astros, de Joaquim Pimentel, na Rádio Vera Cruz, do Rio de Janeiro.

O sucesso veio chegando e os degraus da glória também. A partir da década de 1960 cantou por todo o Brasil, esteve em Buenos Aires, e claro, em Portugal. Na cidade de São Paulo, foi sócia-proprietária de um famoso e tradicional restaurante típico: Adega Lisboa Antiga, por onde passaram grandes nomes do fado.

Em sua homenagem José Maria Rodrigues compôs o fado Maria do Mar, nada mais representativo para a voz de Adélia. De Joaquim Pimentel, seu padrinho artístico e grande amigo, ganhou a música Garota da Beira Mar, que diz:

Nasci na beira do mar / crie-me junto da praia / as ondas vinham beijar / a barra da minha saia / Em noites de lua cheia / ouvindo as ondas a bater / o mar rolando na areia / até parecia dizer: / Ai canta, canta / garota da beira mar / O teu destino teu fado / é viver sempre a cantar...


Adélia é legenda da música portuguesa, Caymmi da música brasileira, mas o traço comum dos dois são as paixões pela música e pelo mar.



*Thais Matarazzo é jornalista e pesquisadorada da nosa Música Popular Brasielria

Fotos: Divulgação

domingo, 7 de março de 2010

CURUMIM (Maria Eduarda)

Sou um índio guerreiro

Pequenino mas valente
Uso arco e flecha
E um colar de dente.

Na natureza me distraio
Dentre as árvores eu vivo
Nunca me perco na mata
Me desvio do perigo.

Os animais são os meus amigos
Macaco, papagaio ou leão
Todos vivem em harmonia
Dentro do meu coração.

Você também se quiser
Pode ser um curumim
Basta que respeite as matas
Igualzinho a mim!

*Maria Eduarda é poetisa de Machado-MG

ESTRANHO AMOR (Maria Eduarda)



Este estranho amor
Que vive em meu coração
Quer saber o porquê
De tanta confusão.

Já não presto atenção
No mundo ao redor de mim
Já não faço nada em vão
Já pensei se você gosta de mim.

Tudo que eu mais quero
É ver você aqui
Jogado em meus braços
Dizendo:"Me leva daqui!"

Eu só quero você
Eu só sei te querer
Mil desculpas adiantadas
Nunca quis te ofender.

*Maria Eduarda é poetisa de Machado-MG

terça-feira, 2 de março de 2010

2º AMOSTRA "EXPRESSÃO FEMININA" COM AS ARTISTAS DE PARAGUAÇU-MG

A Prefeitura Municipal de Machado, através da Secret.de educ.Cultura e Lazer e a CASA DA CULTURA, convidam:

2ª Edição da Mostra "Expressão feminina" com as artistas Paraguaçuenses.

Adelaide Pereira Bueno
Angela Silva Santos
Elisabete Gonzaga Rocha
Marilda Rodrigues Paiva Prado
Marlene Auxiliadora Castilho Carneiro
Rita Souza Dias
Sônia Maria de Souza Pedro

Homenagem "Expressão Feminina" pelo "Dia Internacional da Mulher"

"A mulher é uma substância tal, que, por mais que a estudes, sempre encontrarás nela alguma coisa totalmente nova." - (Tolstoi, Léon)

Aberura:08/03/2010 às 19h30min na Casa da Cultura, com apresentação musical das pianistas Maria Teresa Andrade Costa e Maria Thereza Garcia.

Venha nos visitar

No período de 08/03 a 26/03/2010 das 8h às 11h e das 13h às 17h
de 2ª a 6ª feira

Rua João Miguel da Silva, 64 - Centro - Machado/MG
Fone: (35) 3295.6757

Conto com sua divulgação

Agradecida

*Rosa Maria Signoretti Araújo
Gerente da Casa da Cultura de Machado-MG

A EQUIPE QUE PREFERIU MORRER DO QUE PERDER (Prof. Rita Alonso)


A história do futebol mundial inclui milhares de episódios emocionantes e comovedores, mas seguramente nenhum seja tão terrível como o protagonizado pelos jogadores do Dinamo de Kiev nos anos 40. Os jogadores jogaram um partida sabendo que se ganhassem seriam assassinados e, no entanto, decidiram ganhar. Na morte deram uma lição de coragem, de vida e honra, que não encontra, por seu dramatismo, outro caso similar no mundo.

Para compreender sua decisão, é necessário conhecer como chegaram a jogar aquela decisiva partida, e por que um simples encontro de futebol apresentou para eles o momento crucial de suas vidas.

Tudo começou em 19 de setembro de 1941, quando a cidade de Kiev (capital ucraniana) foi ocupada pelo exército nazista, e os homens de Hitler aplicaram um regime de castigo impiedoso e arrasaram com tudo. A cidade converteu-se num inferno controlado pelos nazistas, e durante os meses seguintes chegaram centenas de prisioneiros de guerra, que não tinham permissão para trabalhar nem viver nas casas, assim todos vagavam pelas ruas na mais absoluta indigência. Entre aqueles soldados doentes e desnutridos, estava Nikolai Trusevich, que tinha sido goleiro do Dinamo.

Josef Kordik, um padeiro alemão a quem os nazistas não perseguiam, precisamente por sua origem, era torcedor fanático do Dinamo. Num dia caminhava pela rua quando, surpreso, olhou um mendigo e de imediato se deu conta de que era seu ídolo: o gigante Trusevich.

Ainda que fosse ilegal, mediante artimanhas, o comerciante alemão enganou aos nazistas e contratou o goleiro para que trabalhasse em sua padaria. Sua ânsia por ajudá-lo foi valorizado pelo goleiro, que agradecia a possibilidade de se alimentar e dormir debaixo de um teto. Ao mesmo tempo, Kordik emocionava-se por ter feito amizade com a estrela de sua equipe.

Na convivência, as conversas sempre giravam em torno do futebol e do Dinamo, até que o padeiro teve uma idéia genial: encomendou a Trusevich que em lugar de trabalhar como ele, amassando pães, se dedicasse a buscar o resto de seus colegas. Não só continuaria lhe pagando, senão que juntos podiam salvar os outros jogadores.

O arqueiro percorreu o que restara da cidade devastada dia e noite, e entre feridos e mendigos foi descobrindo, um a um, a seus amigos do Dinamo. Kordik deu trabalho a todos, se esforçando para que ninguém descobrisse a manobra. Trusevich encontrou também alguns rivais do campeonato russo, três jogadores da Lokomotiv, e também os resgatou. Em poucas semanas, a padaria escondia entre seus empregados uma equipe completa.

Reunidos pelo padeiro, os jogadores não demoraram em dar o seguinte passo, e decidiram, alentados por seu protetor, voltar a jogar. Era, além de escapar dos nazistas, a única que bem sabiam fazer. Muitos tinham perdido suas famílias nas mãos do exército de Hitler, e o futebol era a última sombra mantida de suas vidas anteriores.

Como o Dinamo estava enclausurado e proibido, deram um novo nome para aquela equipe. Assim nasceu o FC Start, que através de contatos alemães começou a desafiar a equipes de soldados inimigos e seleções formadas no III Reich.

Em sete de junho de 1942, jogaram sua primeira partida. Apesar de estarem famintos e cansados por terem trabalhado toda a noite, venceram por 7 a 2. Seu seguinte rival foi a equipe de uma guarnição húngara, ganharam de 6 a 2. Depois meteram 11 gols numa equipa romena. A coisa ficou séria quando em 17 de julho enfrentaram uma equipe do exército alemão e golearam por 6 a 2. Muitos nazistas começaram a ficar chateados pela crescente fama do grupo de empregados da padaria e buscaram uma equipe melhor para ganhar deles. Trouxeram da Hungria o MSG com a missão de derrotá-los, mas o FC Start goleou mais uma vez por 5 a 1, e mais tarde, ganhou de 3 a 2 na revanche.

Em seis de agosto, convencidos de sua superioridade, os alemães prepararam uma equipe com membros da Luftwaffe, o Flakelf, que era uma grande time, utilizado como instrumento de propaganda de Hitler. Os nazistas tinham resolvido buscar o melhor rival possível para acabar com o FC Start, que já gozava de enorme popularidade entre o sofrido povo refém dos nazistas. A surpresa foi grande, porque apesar da violência e falta de esportividade dos alemães, o Start venceu por 5 a 1.

Depois dessa escandalosa queda do time de Hitler, os alemães descobriram a manobra do padeiro. Assim, de Berlim chegou uma ordem de acabar com todos eles, inclusive com o padeiro, mas os hierarcas nazistas locais não se contentaram com isso. Não queriam que a última imagem dos russos fosse uma vitória, porque acreditavam que se fossem simplesmente assassinados não fariam nada mais que perpetuar a derrota alemã.

A superioridade da raça ariana, em particular no esporte, era uma obsessão para Hitler e os altos comandos. Por essa razão, antes de fuzilá-los, queriam derrotar o time em um jogo.

Com um clima tremendo de pressão e ameaças por todas as partes, anunciou-se a revanche para 9 de agosto, no repleto estádio Zenit. Antes do jogo, um oficial da SS entrou no vestiário e disse em russo:

- “Vou ser o juiz do jogo, respeitem as regras e saúdem com o braço levantado”, exigindo que eles fizessem a saudação nazista.

Já no campo, os jogadores do Start (camisa vermelha e calção branco) levantaram o braço, mas no momento da saudação, levaram a mão ao peito e no lugar de dizer: - “Heil Hitler!”, gritaram - “Fizculthura!”, uma expressão soviética que proclamava a cultura física.

Os alemães (camisa branca e calção negro) marcaram o primeiro gol, mas o Start chegou ao intervalo do segundo tempo ganhando por 2 a 1.

Receberam novas visitas ao vestiário, desta vez com armas e advertências claras e concretas: “Se vocês ganharem, não sai ninguém vivo”. Ameaçou um outro oficial da SS. Os jogadores ficaram com muito medo e até propuseram-se a não voltar para o segundo tempo. Mas pensaram em suas famílias, nos crimes que foram cometidos, na gente sofrida que nas arquibancadas gritava desesperadamente por eles e decidiram, sim, jogar.

Deram um verdadeiro baile nos nazistas. E no final da partida, quando ganhavam por 5 a 3, o atacante Klimenko ficou cara a cara com o arqueiro alemão. Deu lhe um drible deixando o coitado estatelado no chão e ao ficar em frente a trave, quando todos esperavam o gol, deu meia volta e chutou a bola para o centro do campo. Foi um gesto de desprezo, de deboche, de superioridade total. O estádio veio abaixo.

Como toda Kiev poderia a vir falar da façanha, os nazistas deixaram que saíssem do campo como se nada tivesse ocorrido. Inclusive o Start jogou dias depois e goleou o Rukh por 8 a 0. Mas o final já estava traçado: depois dessa última partida, a Gestapo visitou a padaria.

O primeiro a morrer torturado em frente a todos os outros foi Kordik, o padeiro. Os demais presos foram enviados para os campos de concentração de Siretz. Ali mataram brutalmente a Kuzmenko, Klimenko e o arqueiro Trusevich, que morreu vestido com a camiseta do FC Start. Goncharenko e Sviridovsky, que não estavam na padaria naquele dia, foram os únicos que sobreviveram, escondidos, até a libertação de Kiev em novembro de 1943. O resto da equipe foi torturada até a morte.

Ainda hoje, os possuidores de entradas daquela partida têm direito a um assento gratuito no estádio do Dinamo de Kiev.
Nas escadarias do clube, custodiado em forma permanente, conserva-se atualmente um monumento que saúda e recorda àqueles heróis do FC Start, os indomáveis prisioneiros de guerra do Exército Vermelho aos quais ninguém pôde derrotar durante uma dezena de históricas partidas, entre 1941 e 1942.

* Prof. Rita Alonso é profissional em Recursos Humanos
 
Postado em 23 de novembro de 2009 · por Profª. Rita Alonso Cultura ·