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terça-feira, 21 de junho de 2011

DIA DOS NAMORADOS


Li em algum lugar que o conceito de amor foi reformulado ao longo dos séculos. Pensei: claro, cada pessoa tem seu jeito de ver as coisas. Eu, por exemplo, desde criança achei que namoro era mais uma questão de amizade, afinidade ou mesmo comodismo; talvez a vontade de exibir alguém por aí. 

Casamento, definitivamente, nunca aprovei.

Pode ser um resultado da minha criação, já que minha mãe e meu pai nunca se entenderam e ficaram juntos por falta de coragem e opção.

Não fui um garoto que se apaixonou pela professora, pela prima ou pela melhor amiga. Não. Diante dos outros caras, eu até questionava minha dificuldade de gostar de alguém; talvez meu corpo não tivesse química suficiente ou fosse frio demais. Então, sempre fiquei por ficar…

Certa tarde, saí do trabalho mais cedo. Sentia cansaço e os livros que levava comigo pesavam duas vezes mais do que o peso real.

Ajeitei minha pasta e resolvi sentar na praça. Não sei o que me levou a ficar ali. Sou muito irrequieto para apreciar uma tarde de sol sob as copas de uma azaleia. Mas nem sempre a gente faz o que acha que é parte da nossa natureza. E comportamento é uma coisa que muda, concorda?

Aparentemente era um dia como outro qualquer. Aquela rotina de quem trabalha e estuda e volta para um apartamento vazio no fim da noite. Sou do interior e vim para a capital de Minas quando passei no vestibular.

A minha cabeça estava cheia, eu pensava nas provas da semana seguinte. Carregava aqueles cinco livros desde o fim de semana passado e ainda não dominava nem um terço do conteúdo necessário para ser aprovado nas disciplinas. Faltava um semestre para concluir o curso de Direito. Eu ganhava bem como vendedor numa empresa de informática, só que pretendia advogar e aprendi que se a gente não corre atrás do que quer, acaba perdendo a motivação pra viver.

Em alguns minutos, vi gente de todo o tipo. Idosos, crianças, namorados, pessoas certamente fazendo cooper por ordem médica, mulheres correndo para manter a forma. E foi acompanhando o voo das abelhas entre as flores, algo poético demais para um cara seco como eu, que de repente a vi.

Estava sozinha. Também carregava uma pilha de livros. O cabelo castanho e ondulado preso num rabo de cavalo. Corpo esguio, calça jeans cinza, blusa e o tênis azul. Ela parou para pegar um pedaço de papel dentro do último livro, olhou de um lado e de outro como quem procura um endereço.

Parecia em dúvida. Distraiu-se e acabou por tropeçar. Os livros foram parar longe. Obedeci a um impulso quando me levantei do banco de cimento e venci a distância entre nós. De repente, ajudá-la era só o que importava naquele momento.
Ela me olhou agradecida quando estendi a mão para que se levantasse. Rasgou a calça no joelho. Vi que sentia dor. Quase da minha altura, os olhos pretos como os meus e a pele num tom de moreno mais claro.

Amigável, sorriu. Um sorriso lindo e luminoso. Explicou que procurava um cursinho pré-vestibular. Por coincidência, ficava em frente à faculdade onde eu estudava. Eu a acompanhei até o ponto de ônibus. Quando nos despedimos, percebi que lembrava cada detalhe de seu rosto, no entanto, não sabia seu nome. Não pedi um telefone. Não fiz um gesto para conhecê-la melhor.

Frustrado, fui para a faculdade. Não ouvi a aula, porque pensava na moça. Como a vida tem seus próprios planos, nos encontramos dois dias depois, porque decidimos atravessar a mesma rua, no mesmo instante. O nome dela, Camila, o meu, Fernando.

Não posso dizer que acreditava em amor a primeira vista. Mas que senti alguma coisa desde o primeiro olhar, ah, eu senti… percebi que quando me l

levantei daquele banco para ajudá-la, fiz uma escolha.
Escolhas como as que fazemos todos os dias. Poderia permanecer indiferente, ficar na minha como em inúmeras situações. Se tivesse escolhido a primeira opção, talvez nunca conhecesse o amor da minha vida. Amanhã completamos um ano de namoro. O dia? 12 de junho!

O que posso dizer? Sou outro homem. E estou feliz. Feliz porque meus planos já não são apenas profissionais.

Tenho alguém que me espera em algum lugar. Alguém que reformulou meus conceitos e me fez conhecer um lado da vida que nunca imaginei possível.
Agora sei o que é sonhar, esperar e sentir juntos. Agora entendo a pressa de atender o telefone, o prazer de andar de mãos dadas, a vontade de descobrir, querer e realizar mais.

Fernando Pessoa já dizia: “Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar…” 

conheço o sentimento do poeta, porque minha vida é infinitamente melhor com você…

Se a mensagem não é de seu interesse, desculpe o transtorno. 
Luz e sucesso para todos! Saudações literárias, Bruna!

CARTA ASTRAL

Ninguém sabe que pela noite
Sou gata de telhado e de lua.
Que passei eternidades
Lambendo as minhas feridas,
Marcando territórios,
Os machos que abriguei são extintos
Os filhos que pari desapareceram.

Meus olhos já viram demais
Meu corpo é descomunal
Mas a minha mãe ainda chora acalantos
Reza por mim
E me dá as suas saias.

Não sabe que pelas noites
Tento sugar sua ferida
Tecendo um manto novo
Com meu próprio sangue.


Não sabe que a medida do meu corpo
Cobre a sua sombra
E que as minhas sete vidas
Estão mortas.



*Jennie Carrasco é poetisa equatoriana


jenniec55@gmail.com

sexta-feira, 17 de junho de 2011

TRIBUTO A IRACEMA RODRIGUES

TRIBUTO A
IRACEMA  RODRIGUES

Querida tia Iaiá (é assim que a  conhecemos !)

Seu sangue corre em minhas veias e seu exemplo está gravado em meu coração!

Minha avó paterna, também professora e educadora veio de um lar em que as três irmãs formaram-se no Magistério: Iracema Rodrigues (tia Iaiá), Maria de Nantes (tia Sinhá) e Evangelina Luisa (minha amada  avó Lili).

Quando ainda era pequenina, seu nome era ecoado pelos cantos da minha casa. Não a conheci, mas sempre a admirei, porque minha avó pronunciava o seu nome tão docemente, mas ao mesmo tempo com um tom de tanta responsabilidade que eu não conseguia entender. Só entendi a dimensão de tudo isso muito tempo depois...

Sempre senti esse desejo de expressar tudo o que sinto e o orgulho que tenho em ser sua sobrinha-neta.

Iracema Rodrigues foi uma mulher notável e corajosa, de uma personalidade forte, mas extremamente amorosa, muito à frente de seu tempo e sua vida foi paltada e dedicada à educação das crianças e jovens.

Foi uma revolucionária da inclusão: em uma época em que estudar na capital mineira era um desafio (estrada de terra... o dia todo viajando em um ônibus desconfortável ), ela foi até Ibirité, na Fazenda do Rosário, para aprender com a psicóloga  russa, Helena Antipoff, como trabalhar  de uma maneira diversificada as habilidades dos alunos e assim contribuir para a aprendizagem de uma forma natural e criativa, valorizando seus dons e talentos.

E trouxe  para  a nossa região atividades escolares que uniam comunidade e escola: a horta na escola, a biblioteca, a contabilidade entre as crianças, as aulas de educação física ligada aos jogos e muitos outros registros que tive a oportunidade de ver pelas fotos que meus tios guardam com tanto carinho.

Graduou-se no Curso Normal (hoje,  Magistério)  no Colégio Imaculada Conceição e posteriormente tornou-se uma supervisora preocupada com os rumos da educação.

Aposentou-se como diretora da Escola Estadual Dom Pedro I (lá também era chamada carinhosamente de Dona Iaiá!).

Além de tudo isso também dedicou-se à música (era pianista e compositora).

Meu pai – Manoel Rodrigues de Oliveira – seguiu seguiu seus passos e dedicou-se também à Educação, como professor (de matemática e biologia na Escola Agrícola, hoje Instituto Federal Sul de Minas, Campus Machado) e diretor da antiga Escola de Comércio.

Quando entro na Escola Estadual Iracema Rodrigues, todas as manhãs, olho para o  quadro com a sua foto  e fico pensando em como ela ficaria feliz e orgulhosa ao ver que o espaço – construído pelos irmãos Lassalistas (desbravadores da educação e baluartes da formação integral dos jovens machadenses) – está dividido com a sua história de amor e dedicação ao povo machadense, ambos com o mesmo objetivo de formar, educar e preparar os jovens para  a cidadania e formação profissional, contribuindo para um mundo melhor.

Continuo seguindo os seus passos, os de minha avó e os de meu pai. Embora em áreas diferentes, lutamos pelo mesmo ideal, com o mesmo amor que tiveram e têm todos os educadores.
 Vislumbramos melhoria, dignidade e valorização para a  nossa profissão, respeito ao nosso trabalho que é todo de dedicação, perseverança   e  formação  dos futuros cidadãos.

*Staell Signoretti (foto) é professora de Inglês (Machado-MG)