Conheci o sr. Adauri Alves, no início de 2001. A maioria das manhãs passava a consultar rolos de microfilmes, de diversos periódicos, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade. A pesquisa é um trabalho solitário, por vezes, extenso e cansativo. O tema da minha pesquisa era a cantora Aurora Miranda.
Já tinha um bom material compilado. Na sala de microfilmes existiam duas máquinas para consultas, era sempre necessário agendar com bastante antecedência, a procura era grande. Foi numa dessas manhãs, que um senhor, que estava na máquina ao lado, puxou conversa comigo.
Fiquei com certo receio, porque nunca gostei de gente que fala demais, mas no caso, esse senhor a discorrer com muita propriedade sobre a música brasileira, especialmente, sobre a Era de Ouro do Rádio. Ai, eu perguntei: "O sr. bem que poderia me auxiliar na minha pesquisa!", ele disse que sim. Era o sr. Adauri Alves.
É incrível o julgamento dos mais velhos com os mais novos nesse sentido. Muitos, com imensa soberba e sisudez, fazem pouco dos jovens, atribuem valores negativos, sem ao menos saber como ele está desenvolvendo seu trabalho.
Quando comecei a pesquisar, não sabia quase nada sobre outros arquivos e bibliotecas da cidade, foi o sr. Adauri, que pacientemente, me levou a outros locais, me mostrava as revistas, jornais, livros, etc; sempre dizia: "- Dentro de uma biblioteca você deve ser antes de tudo um curioso!", ele tem razão. Afirmava que para os pesquisadores e escritores o caminho mais difícil era o "caminho das pedras".
Ele sempre contava que na sua cidade existiam muitos italianos, e que esses eram “negros virados do avesso”, por ser um povo quente e não levar desaforos para casa. Lembrava com carinho, da D. Lúcia, uma italiana que deixou saudades. Já era um menino dinâmico, gostava muito de estudar.
Veio para São Paulo em 1966, foi trabalhar em um açougue, na Consolação, um bairro em ascenção, nobre e onde moravam muitos artistas. Ao realizar as entregas das carnes, conheceu muitas personalidades da época como Roberto Carlos, Hebe Camargo.
Lembro-me, especialmente, de um episódio que sempre contava: numa tarde foi entregar carnes na casa do Dr. Paulo Machado de Carvalho - dono da Rádio e TV Record; estava conversando com a cozinheira, eis que aparece o dr. Paulo, ordenou que a empregada servisse o almoço ao rapaz, depois perguntou para qual time torcia, Adauri respondeu: "São Paulo Futebol Clube", dias depois recebeu um embrulho, era uma camisa do São Paulo autografada e uma carta do dr. Paulo.
* Lírio do Amor - poesias - 2001
* Nas Ondas de Aurora Miranda, a outra pequena notável - 2002
* Nas Ondas: Sylvinha Melo, a bonequinha do Rádio- 2003
* Estrelas do Rádio Carioca (Cantoras anos 30: Cirene Fagundes, Madelou Assis, Glorinha Caldas, Marilú, Carmen Barbosa e Neyde Martins) - 2003
* Elisa Coelho, o pássaro cantador - 2003
* Nossas Cantoras de Rádio (Cantoras Rádio paulista, anos 30: Dolly Ennor, Helena Pinto de Carvalho, Sônia Carvalho, Agripina, Laís Marival, Alzirinha Camargo, Roxane e Cida Tibiriça) - 2004
* Dois Sambistas do Barulho -2004
* Elsa Laranjeira, a voz docura - 2005
* Simplesmente Maysa - 2005
* Odete Amaral, a voz tropical - 2005
* Neyde Fraga, a voz veludo - 2006
* Cidália Meireles, a voz de Portugal - 2006
* Cinderela, "a bonequinha" do Rádio Paulistano - 2007
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