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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

GRUPO MUNDO TEATRO (ALFENAS/MG)

Este dia 01/09/2010 vai ficar marcado na história do GRUPO MUNDO. As 20:00 horas estávamos apresentando o nosso espetáculo (pãofogehomemmigracadêlei?) no bairro Jardim Alvorada para alunos da rede municipal de ensino e moradores do bairro, e as 22:00 horas já estávamos apresentando novamente para os estudantes da Universidade Federal de Alfenas, que representam a outra ponta do cenário educacional brasileiro. 

O que nos fez mais feliz esta noite, é que podemos viver a democracia pelo menos no que tange ao “nosso” teatro. Ver o sorriso alegre no rosto das crianças e sentir os fortes aplausos do doutores da academia, nos faz crer que estamos conseguindo bem devagar comungar a nossa maneira de fazer arte com todos os cidadãos.
Forte abraço a todos!
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pãofogehomemmigracadêlei?

O “pãofogehomemmigracadêlei?” é um espetáculo representado por quatro atores, que transitam pelos textos da literatura de cordel, para narrar a saga do homem sertanejo, sem nome, sem pão, sem eira e beira.
Fazendo uso de rimas da literatura de cordel, com os textos do capixaba Pedrinho Gotara “O pão nosso de cada padaria”, o “ABC do nordeste flagelado” do consagrado Patativa do Assaré e “Cordel da fome” do brasiliense Gustavo Dourado. 

O grupo também utilizar de artifícios lúdicos como pernas-de-pau, cavalinho de madeira customizados com chitão, colheres gigantes que se transformam em espadas, bandeiras do Brasil e do Estado de Minas, que nas mãos das atrizes ora é um bebê, ora é um lenço que enxuga as lágrimas da mãe sertaneja.

O espetáculo tem inicio com o homem gigante (ator sobre pernas-de-pau) que representa a grande massa que sai a procura do pão, que existe em abundância mas que não chega a quem precisa, deixando explicita as diferenças sociais e econômicas. Depois passa a narrar a saga de homens e mulheres sertanejas que sem ter como alimentar seus filhos pela seca e pelo descaso do poder, acabam sem alternativas, migrando para os grandes centros, inchando ainda mais o exército de mão de obra ociosa e explorada nas grandes cidades.

Chegando a terceira e última parte do espetáculo, com o texto “Cordel da fome”, onde é feita uma pequena homenagem ao grande Josué de Castro autor da obra “Geografia da fome”, tocando fundo na ferida do descaso social e político brasileiro além de criticar a arrogância do sistema capitalista e latifundiário que vê o HOMEM apenas como uma peça para a realização de seus objetivos. Culminado com uma grande ciranda, já que uma das principais características do homem brasileiro é sua alegria e disposição para transpor as dificuldades lhe impostas diariamente.

Todos os detalhes foram minuciosamente criados para que houvesse comunhão entre a didática e a arte, objetivando levar aos expectadores um teatro inteligente, simples e lúdico. Inteligente porque não poderia jamais subestimar sua capacidade intelectual, simples porque teria que penetrar no seu universo físico/geográfico e lúdico, pois, somente por meio dele, é possível penetrar nesse mundo particular de cada ser humano.

Na ciranda da vida
É preciso ter o pé no chão
Pro mundo rodar bonito
Como quer toda nação

Por isso nossa presença
É pra chamar a atenção
Que a fome é uma doença
Que tem que entrar em extinção.

(Anselmo Cesário)

Um comentário:

Dilberto L. Rosa disse...

Parabéns por seu hercúleo trabalho de viver da arte, meu caro, tarefa geralmente inglória neste Brasil sem pão e de tanta migração... Mas que bom saber que agradaram as duas pontas de universos tão díspares! A arte, quando bem feita, é mesmo universal!

Mais um parabéns pela lembrança honrosa aos dubladores deste País: uma pena os vídeos não estarem mais acessíveis...

Um obrigado especial por estar "seguindo" os Morcegos, mas uma pena nunca teres lá comentado: faça isso agora, então, aproveitando o retorno dos bichinhos, ré, ré!

Abração!